quarta-feira, 29 de abril de 2009

Mais do mesmo, mas com qualidade


Forte influência dos anos 80, mas com uma roupagem atual e um pesinho no rock n' roll. Muitas letras sobre relacionamentos, mas de maneira despojada, hum... sarcástica. Em resumo, rocksinho dançante, divertido, contagiante. Do que estou falando? Tonight, o mais recente cd do Franz Ferdinand. Por acaso essa descrição tá te lembrando os dois álbuns anteriores da banda? Pois é, Franz Ferdinand é isso e ponto. Podem acrescentar uma coisinha aqui, tirar outra alí, mas a essência permanece a mesma. O quarteto escocês de Glasgow, faz rock dançante e agrade a quem agradar.
Não sei por que cargas d'água, minha intuição para esse cd era de que o Franz ia se arriscar mais no rock n' roll. Acho que pensei o mesmo antes de You could have it so much better (2005). Mas foi desatenção minha, pois na última faixa do 2° cd, eles dão a dica com Outsiders. É a faixa mais eletrônica e cheia de barulhinhos esquisitos do álbum. Parece ter sido o ponto de partida para Tonight.
Agora resolvi me convencer que a cada novo trabalho dos caras temos um "mais do mesmo", mas com qualidade! Quer dizer, não é que eles se tornem repetitivos. É que não apresentam assim, uma grande novidade, algo surpreendente. Vão inovando aos poucos. Por exemplo, Tonight é o álbum que mais trabalha elementos eletrônicos até agora. É tanto barulhinho compondo as músicas, que dá vontade de ser um mosquinha para estar no estúdio nas horas de gravação e descobrir de onde sai tantos sons diferentes.
As mais contagiantes do cd, do tipo "impossível ficar parado", são Ulysses, No You Girls e Send Him Away. Não fugindo à regra, o álbum também traz uma ou outra baladinha, das quais a mais legal é Katherine Kiss Me.

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Quem quer ser um milionário? - Apenas um bom filme


Quem pretende assistir ao filme Quem quer ser um milionário? com base no que passa na novela da Globo, é bom ir preparado para se deparar exatamente com o oposto do que mostra Caminho das Índias. Quanto aos que estão curiosos com as reações acerca do filme que faturou 8 Oscars, o Bafta e o Globo de Ouro de melhor filme, é bom diminuírem um pouco as expectativas. A história da literatura indiana adaptada para o cinema e dirigida pelo hollywoodiano Danny Boile (A Praia), é um bom filme. Apenas um bom filme.

Quem quer ser um milionário? apresenta um outro lado da Índia, à parte da tradição e costumes. O lado da pobreza e violência. Para isso, utiliza a história de vida de Jamal (Dev Patel), personagem central, que está prestes a se tornar um milionário em um jogo de perguntas e respostas na televisão, ao estilo Show do Milhão. Por ser de origem pobre e trabalhar servindo chá em um Call Center, o que também faz dele um motivo de piada no programa, o apresentador desconfia da capacidade do rapaz de acertar as respostas que lhe garantiriam o prêmio máximo. Assim, o roteiro se desenrola a partir de um interrogatório prestado por Jamal à polícia, em que eles assistem à gravação do programa e a cada resposta certa do jovem ele relembra um episódio de sua vida em que tomou conhecimento, na maioria das vezes até por acaso, da resposta em questão.

A pitada bem hoolywodiana do filme, fica por conta do romance de Jamal com Latifa, uma amiga de por quem ele foi desde a infância apaixonado. Os dois vivem uma série de encontros e desencontros e tudo que o rapaz faz na vida é com a intenção de reencontrar e conquistar a garota. Um certo exagero a vida do garoto se dar em torno de um propósito amoroso, diga-se de passagem.

Uma das coisas que mais chama a atenção no filme é a construção do roteiro, que apesar de não trazer nada de muito inovador ao seguir uma forma não linear, prende à atenção. Pois a cada resposta desenrola-se um acontecimento importante da vida do garoto. Também merece destaque a trilha (outro elemento bem diferente do apresentado na novela das 20h), que retrata o que está em alta na Índia no quesito musical: música pop com muita batida hip-hop e uma influência da música tipicamente indiana. O resultado é uma trilha bem original e com muita energia. Difícil se conter na poltrona do cinema.

Além da trilha, o filme é muito voltado para tudo o que está em alta na Índia. Os programas de auditório em formatos importados dos Estados Unidos, trabalho em Call Centers e vídeo clipes, tanto que antes dos créditos finais temos um clipe em que os personagens centrais desempenham uma empolgante coreografia.

Quem quer ser um milionário?, no Brasil, foi muito comparado ao Cidade de Deus. A comparação, em parte, é justa. Pois se levarmos em conta filmes que falam de crianças que crescem em meio à pobreza e violência e que podem acabar encontrando formas além das convencionais para ganhar a vida, Quem quer ser um milionário? não é nenhuma novidade e não está nenhum degrau acima do cinema brasileiro quanto a esse gênero. Muitos até questionaram se o motivo maior para o filme ter sido contemplado com tantos Oscars não estaria no destaque que é dado a um diretor de Hollywood. Sem tirar o mérito da direção de Fernando Meirelles, quem sabe se Cidade de Deus tivesse sido dirigido por um hollywoodiano não teria obtido o mesmo alarde na época?