sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

E o Oscar vai para...


Com a proximidade do mais famoso evento de cinema do planeta, aumentam as especulações sobre os possíveis vencedores. Por isso, eu também quero dar meus pitacos sobre a entrega do Prêmio de Mérito da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, também conhecido como Oscar. Apesar de alguns dos filmes indicados estarem recém estreando pelas salas de cinema e outros que ainda nem nelas chegaram até o momento, vamos tentar falar um pouco, pelo menos dos mais cotados pela crítica, dentre os indicados.

Não é de hoje que os integrantes da Academia enchem os olhos com os, cada vez mais reais, efeitos especiais. Não à toa, que um dos mais falados têm sido Avatar. Dirigido por James Cameron, o filme é o atual fenômeno de aceitação do público e crítica. Os motivos para tal podem ser os mais variados. Mas algo me diz que o que mais impressiona os expectadores são os efeitos visuais. Para começar o fato de ser em 3D. Pois, normalmente, o que se vê por aqui são apenas animações apresentadas neste formato. Assim, quando aparece um filme que apresenta cenas com personagens reais em 3ª dimensão, vira a onda do momento. O outro chamarisco seria a quantidade de efeitos especiais, que também sempre ganham a atenção dos do público. Agora, em se tratando de roteiro, Avatar é o clichê dos clichês. Tudo muito previsível, personagens com estereótipos tão chavão que nem conseguem convencer. A história também não foge o lugar-comum, com todos aqueles pré-requisitos de uma trama à la blockbuster hollywoodiano. E não é que sempre dá certo!? Muitos ainda justificam a história dizendo que retrata o que o homem está fazendo com a natureza, enfim, com seu próprio mundo. Não subestimemos os cineastas, certamente muitos deles são capazes de abordar esses acontecimentos de maneira mais original. Apesar disso, não tiremos o mérito de Avatar, pois boa parte das indicações as quais concorre são devidas, pois haja tecnologia para efeitos visuais tão reais. Eles se preocuparam tanto com a aparência do filme, que esqueceram de elaborar um roteiro de qualidade. E, afinal, pelo menos, dentre as indicações, não está a de melhor roteiro original. Ainda assim, me questiono quais são os critérios para a escolha de melhor filme, uma das quais Avatar está no páreo e bem cotado para ser o vencedor.


Seguindo em frente, outro longa que também tem rendido boas críticas - mas nem perto do alvoroço de Avatar - é Bastardos Inglórios. O filme poderia ser descrito apenas com a frase: trata-se de Tarantino na direção e ponto. Mas vamos aos pormenores. Se não arrematar as outras sete indicações a que concorre, é mais do que merecido o prêmio de roteiro (mais do que) original. Entre tantos e tantos filmes que tratam sobre o nazismo, Bastardos Inglórios consegue dar uma abordagem inovadora ao assunto. Com aquela porção de sarcasmo que todo o apreciador de Quentin Tarantino conhece e que faz toda a diferença em cenas de violência, que são associadas a risadinhas debochadas. Apesar de abordar um tema histórico que poderia ganhar um final previsível, os dados verídicos não são levados ao pé da letra e levam a um desfecho surpreendente. Aliás, Tarantino está aí mais uma vez para mostrar que o cinema pode surpreender. Seja com uma fotografia que dê um toque especial a planos simples, inteligência para compor cenas que façam referências a grandes filmes da história do cinema e ótimos, ainda que longos, diálogos, o que dá espaço para que os personagens atuem com maestria. Como é o caso da atuação de Brad Pitt, que apesar de poupar comentários, não teve lugar na categoria melhor ator este ano. Outra bela atuação é a de Mélanie Laurent, que, infelizmente, também não está concorrendo como melhor atriz. Mas isto é entendível se pensarmos que o páreo não está fácil este ano, tendo entre as cotadas Meryl Streep, por Julie e Julia, uma recordista de indicações, tendo vencido duas das 16 vezes em que concorreu, e Sandra Bullock, por Um Sonho Possível, filme bastante esperado por aqui, mas que tem estreia prevista, pasmem, somente para 26 de março.


O filme que está empatado no número de indicações com Avatar é Guerra Ao Terror. O longa que, estranhamente, chegou ao Brasil em abril do ano passado já em DVD e somente este mês estreou nas telonas por aqui, também está na disputa por 9 indicações. Com a direção de Kathryn Bigelow
, a história que trata da realidade que soldados americanos vivem em missão em Bagdá, é conduzida de maneira original, do ponto de vista que faz uma abordagem nova para o gênero de filmes de guerra. O diferencial está em mostrar o pensamento dos soldados, a guerra pela ótica de quem, efetivamente, faz parte dela. Mas apesar de algumas das primeiras cenas causarem bastante tensão, nos prendendo ao filme, muitas cenas passam se tornam cansativas. Isto porque, há uma sequência de acontecimentos muito parecidos, caindo na mesmice. Assim, temos a impressão de que alguma coisa surpreendente está por acontecer. E o resultado acaba sendo uma longa espera por algo imprevisível, que não acontece. No início temos a sensação de que será uma trama de muita ação e adrenalina, até porque, trata-se de um filme sobre guerra, mas não é bem isso que vemos em boa parte de Guerra Ao Terror.

Outro filme que está merecendo o Oscar, nem que seja o de Melhor Atriz, é Preciosa – Uma História de Esperança. Baseado no livro da poeta e cantora norte-americana, Sapphire, a trama gira em torno de uma adolescente de 16 anos, gorda, pobre, negra e que tem dificuldades de aprendizado, devido ao abuso e violência que sofre em casa. Segundo a autora do livro, a história não é a biografia de uma pessoa específica, mas um apanhado de realidades que ela conheceu quando lecionava em uma escola do Harlem. Para contar a história da personagem Claireece Precious Jones, o roteiro conta com um bocado de cenas fortes, mas, talvez, as que mais toquem sejam justamente as mais sutis. Como quando a garota se olha no espelho e imagina enxergar uma garota loira e magra. São em trechos como este que entendemos o que passa na cabeça da jovem. E o que mais nos faz pensar, é que histórias como as de Peciosa, são verdadeiras, é imaginar que isso realmente acontece fora do cinema.


A cerimônia para entregado Oscar acontece no dia 7 de março. Façam suas apostas.

Lista de incados ao Oscar 2010.

Para entender o Oscar:

Quem seleciona os filmes indicados?


A pergunta que não quer calar: afinal, quem são os tais membros da Academia? Bem, é difícil saber como a história toda começou, mas atualmente tornam-se eleitores do Oscar, profissionais do cinema que tenham sido indicados, pelo menos uma vez, para algum prêmio. Cada profissional vota de acordo com sua área de atuação. Entre os poucos brasileiros que detém poder deste voto estão Fernanda Montenegro, Walter Salles, Bruno Barreto e Fernando Meirelles.


Quais filmes podem concorrer?


Concorrem ao prêmio todos os filmes apresentados durante pelo menos uma semana em no mínimo três cinemas do distrito de Los Angeles no ano anterior à cerimônia, e os membros da Academia indicam os cinco selecionados para a escolha final dentro de sua própria categoria (atores indicam atores, diretores indicam diretores etc). Após a seleção dos cinco finalistas em cada categoria, todos os membros votam e elegem um dos indicados (ou nomeados) ao prêmio em suas respectivas modalidades.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Invictus: Uma história de força e superação para um time e para um país


Para voltar a ativa neste blog de uma recém diplomada jornalista, nada melhor do que entrar no clima de uma das principais notícias do dia, os 20 anos da libertação de Nelson Mandela, e assistir a um filme que conte uma parte representativa de sua biografia: Invictus.
O longa dirigido por Clint Estewood, trata de uma das maiores "ferramentas" utitilizadas por Nelson Mandela, quando assumiu a presidência da África do Sul, para acabar com a segregação racial: o rugby.
Uma das primeiras cenas de Invictus cai como uma luva para demostrar, de cara, o clima de separação entre raças, no qual vivia o país: de um lado, um jovem time de rugby, composto só por meninos brancos, treina o esporte com a presença de um técnico, equipamentos e uniformes; do outro lado da rua, um grupo de garotos negros, disputam uma partida de futebol em um campinho de várzea, cada um por si, a maioria descalsos e sem camisa. Temos ali a realidade da África do Sul, até a década de 90.
Invictus, o título de um poema de 1875, de William Ernest Henley, lido por Mandela como uma válvula de escape, durante os 27 anos em ficou preso, foi a inspiração para denominar o filme. Após sua saída da prisão, Mandela, interpretado por Morgan Freeman, se torna, em 1994, o primeiro presidente negro da África do Sul, um país em que durante anos os negros, mesmo representando a maioria, não tinham nenhum direito político, social ou econômico.
Para diminuir o sentimento de separação entre negros e brancos, que presistia após sua eleição, Mandela tinha que encontrar uma forma de agradar ambos os lados. E foi na Copa Mundial de Rugby, que ele vislumbrou esta oportunidade. Na época, o rugby era um esporte apreciado exclusivamente por brancos, sendo, então, repudiado pelos negros. Mesmo assim, Mandela manteve fixa a ideia de que, se a seleção de rugby fosse campeã da Copa Mundial, defendendo o nome de seu país, automaticamente, todos os sul africanos se uniriam em torno deste acontecimento. Ele procurou então, o capitão da seleção, François Pienaar, interpretado por Matt Damon, para demonstrar seu apoio à equipe, que não se encontrava na sua melhor fase, e falar sobre a importância que a vitória teria para o país. E Pienaar resolve antrar na briga pelo título mundial.

Em torno deste acontecimento, Invictus se desenrola de maneira cativante, não só por transmitir toda a vibração que os jogadores de rugby demostram em campo, mas, também, por mostrar um pouco mais da realidade que Nelsom Mandela teve de enfrentar e tentar reverter. Na história, podemos conhecer, ainda, traços distintos de sua personalidade, que demostram mais claramente o porquê ele se tornou um líder tão importante para a história daquele país. Desta forma, Invictus representa não só a força e superação de uma seleção de rugby para vencer um Campeonato Mundial, mas, também, a força a e superação de um país.
Os atores centrais da história, Morgan Freeman e Matt Damon, pela atuação no filme, estão concorrendo ao Oscar, respectivamente, como Melhor Ator e Melhor Ator Coadjuvante. Se levarem os prêmios, são merecidos, pois ambos atuam com plenitude no longa, principalmente Morgan Freeman, ator aclamadíssimo, que dispensa maiores comentários. Uma curiosidade sobre seu papel é que, em 1990, quando Nelson Mandela escreveu sua auto-biografia, ao ser perguntado sobre, se o livro ganhasse as telas de cinema, quem ele gostaria de ver interpretando seu personagem. A resposta foi, Morgan Freeman. Alguns anos mais tarde, eis se desejo realizado.

Confira o trailer: