segunda-feira, 26 de abril de 2010

Relacionamento ou aprisionamento?


A maioria das pessoas costuma se surpreender quando fica sabendo que eu e meu namorado (Klaus) costumamos sair sozinhos às vezes. Acham estranho que um "deixe" o outro sair com grupos diferentes de amigos, rumo a destinos distintos. Será que nosso relacionamento é muito moderno ou as pessoas é que ainda vivem no século passado?

Para começar, estranho é "deixar" alguma coisa. Um não tem posse sobre o outro, cada um decide por si o que faz da vida. Relacionamento é diferente de aprisionameto. Para mim, estranho são as pessoas que não têm vida após assumirem um relacinamento amoroso. Esquecem os amigos, os lugares que costumavam frequentar, os programas que costumavam fazer. É incrível, mas a maioria das pessoas, pelo menos as que eu conheço, é assim.

A questão é muito simples. Todos sentem necessidade de fazer alguma coisa só com os amigos de vez em quando. Imagina que graça teria uma reuniãozinha só entre amigas e o namorado ali, ouvindo tudo? Sem chance né. Ou às vezes, nem se trata de um programa particular entre amigos, mas um simplesmente está afim de fazer uma coisa e o outro, outra. Tudo certo, cada um segue seu caminho e até mais tarde. É simples, não!? E é bom que bate até uma saudadinha. Mas como as pessoas têm aquela velha mania de complicar tudo... Muitos dão a seguinte desculpa: "eu não me importo que ele saia sozinho, mas como ele me proíbe, eu também acabo proibindo". Hum, para mim, quem se permite ser proibido de alguma coisa, já começou errado. Isso vira uma bola de neve, que acaba entendiando qualquer relacionamento.

A minha mãe é a primeira a achar inconcebível a ideia de eu sair sem a companhia do Klaus. Quanto à ela, eu até dou um desconto, a "época" dela era outra, a concepção de relacionamento bem diferente. Mas muitas pessoas da minha idade que encontro em festas, chegam a duvidar de que eu realmente tenha um namorado, só por estar sem ele em determinada ocasião. Bom, mas a maioria dos que falam isso, são aqueles caras que não podem ver uma mulher sozinha em uma festa, que logo consideram uma presa fácil. Até porque, uma mulher sair sozinha com o intuito unicamente de bater-papo de boteco ou dançar, não existe né!?

Mas a questão chave dessa história de sair sozinho é a confiança. E isso é que é o mais estranho, pois um relacionamento não deveria ser baseado em confiança? As pessoas não "deixam" seus namorados(as) sair sozinhos, porque acham que eles podem "aprontar alguma". Têm que estar sempre presentes para defender seu território. Eu acho que se a pessoa vai estar sempre desconfiada de que seu namorado, noivo, marido, namorido, enfim, vai fazer "alguma bobagem" quando ela não estiver presente, é melhor nem começar um namoro então, né. Muitos não acreditam que eu o Klaus confiamos 100% um no outro. Mas eu tenho certeza de que nosso namoro dá tão certo por isso. Confiança gera liberdade no relacionamento. Até porque, ninguém quer se sentir preso e, sim, amado.

sábado, 10 de abril de 2010

She Interviewing - Entrevista com Henrique Larré, o "menino sem nome" de Os Famosos

Foto: arquivo pessoalFaz algum tempo que a autora do blog aqui, pensava em implantar uma editoria de entrevistas no She Blogs. Até que, esta que vos escreve, resolveu deixar de só pensar e pôr a ideia em prática! Por isso, inicia hoje o She Interviewing, um espaço que trará entrevistas com pessoas interessantes que tenham alguma ligação com arte, cultura e entretenimento, sendo nomes conhecidos ou não.

E para a estreia, o bate-papo é com o jovem talento descoberto em Os Famosos e os Duendes da Morte, Henrique Larré.

O "menino sem nome", conhecido na internet como Mr. Tamborine Man, tem algumas semelhanças com o jovem vindo de Alegrete, que deu vida ao personagem do cinema. Henrique de Freitas Larré, 19 anos, também se sentia deslocado em sua cidade natal, sabia que o que pretendia para seu futuro não seria conquistado em Alegrete. Agora, vivendo em Porto Alegre, seu futuro começou a ser traçado. Após as gravações de Os Famosos, fez um curso de cinema e TV em São Paulo. Daqui para frente quer estudar, ainda não sabe bem o quê. Mas se continuar neste caminho de atuação, diz que vai se aprimorar. Outro fator em comum com seu personagem é que ele também costuma se comunicar muito com o mundo através da internet, fato que foi determinante na descoberta de seu potencial para a atuação. E, aliás, a comunicação feita partir do universo on line foi o que levou o She Blogs a conhecer Henrique, o que culminou no bate-papo que você confere a seguir. Conheça um pouco sobre Henrique Larré, o ator principal de Os Famosos e os Duendes da Morte e que tem tudo para seguir uma promissora carreira no cinema.

She Blogs - Tu és de Alegrete, mas atualmente mora em Porto Alegre, certo? O que motivou a tua ida para a capital?
Henrique Larré - Bom, assim como o meu personagem em Os Famosos, eu sempre me senti deslocado, de certa forma, na minha cidade. Sabia que o que eu buscava não estava lá. Desde pequeno falava que queria ir embora para os meus pais, e isso foi ganhando força à medida em que fui crescendo.

SB - Como e quando surgiu teu interesse por cinema?
HL - Eu sempre gostei muito de cinema. Lembro que quando era pequeno, meu irmão mais velho alugava filmes e chamava os amigos pra assistir lá em casa, eu sempre dava um jeito de assistir junto (às vezes escondido atrás de alguma coisa. haha). Não posso dizer que sou um CINÉFILO, pois não sou daqueles que conhece vários diretores e todas as suas obras, e que assiste sempre os filmes mais cabeças que muita gente nunca nem ouviu falar. Mas tento assistir tudo o que quero. Dos filmes mais alternativos (desses que às vezes só conseguimos mesmo assistir em festivais) aos mais populares (hollywoodianos).

SB - Como e quando surgiu a oportunidade de fazer Os Famosos e os Duendes da Morte?
HL - A oportunidade de fazer Os Famosos surgiu quando o Esmir (diretor) olhou o meu fotolog. Ele gostou das minhas fotos e das coisas que eu postava lá e me deixou um recado dizendo que ia acontecer a filmagem de um longa metragem no estado, que ele tinha gostado da minha pagina e que seria otimo se eu fizesse um teste. Fui pra Porto Alegre, fiz o teste... alguns dias depois me chamaram para as etapas seguintes e assim foi rolando. De 400 adolescentes eles escolheram 4 para os papéis principais.

SB - Tu já pensava em ser ator? Já havia feito algum trabalho como ator antes?
HL - Na verdade não. Eu já dizia que queria fazer alguma coisa relacionada com cinema, quando me perguntavam o que eu gostaria de ser. Mas nunca ator. Eu era muito tímido, ainda sou na verdade, mas aprendi a lidar com isso durante o processo de seleção. Antes do filme, meu único contato com a atuação foi em uma peça na escola, quando era pequeno.

SB - Como está sendo, para ti, a repercussão do filme?
HL - Está sendo incrível! Lá no início, logo que havia entrado no projeto d'Os Famosos, eu não tinha noção nenhuma do que era aquilo. Não passava pela minha cabeça que pessoas de todo o país, e até do Mundo iam assistir o filme e essas coisas. Ler o que as pessoas pensam, e ver elas se identificando com todo o universo que retratamos no filme é lindo. Porque aquilo é muito de mim, muito do Esmir, do Ismael, da Tuane... todos emprestamos um pouco de nós mesmos para o filme. É realmente emocionante!

SB - Como foi a tua relação/convivência com o diretor e elenco durante as filmagens?
HL - Absurdo! Fiz amigos durante o filme, amigos de verdade. O Esmir é tudo aquilo que eu um dia quero ser... admiro muito ele como pessoa e também como profissional. Acho que tive muita sorte por ele ter me encontrado e por ter feito parte disso. Posso dizer que o que mais me faz feliz nisso tudo, é ter conhecido e convivido com pessoas incríveis.

SB - Qual foi o teu maior aprendizado ao fazer Os Famosos?
HL - Aprendi MUITO durante o processo todo. Me tornei muito mais maduro e responsável, entre outras coisas.

SB - O personagem interpretado por você carrega uma tristeza e uma angústia bem notável. Em algum momento foi difícil pra ti se distanciar destas características e, sem querer, levá-las para a vida pessoal?
HL - Na verdade a tristeza e a angústia que ele sente, eu também já havia sentido. Acho que todo mundo sente às vezes. Acredito muito naquilo que costumam dizer: a vida é feita de momentos. Não acredito que existam pessoas completamente felizes, e sim que existam pessoas com mais momentos felizes do que outras. Já me senti muito triste e angustiado, como o personagem, acho normal.

SB - De maneira geral, o que foi mais difícil para interpretar seu personagem?
HL - No começo tive medo de não dar conta. De todos os dias de filmagem que tínhamos, eu só não participei de um. Fiquei com medo de não conseguir passar a emoção que o Esmir queria, na hora certa. Coisas assim... mas no final foi tudo muito tranquilo.

SB - A sua realidade se assemelha com a do personagem, no aspecto de se comunicar muito com o mundo através da internet, até por você também vir de uma cidade do interior?
HL - Completamente! e agradeço todos os dias o fato de ter sido assim... Se não o fizesse, talvez nem ouvisse falar do longa do Esmir (até ser lançado, claro!)

SB - De alguma forma, você acha que Os Famosos e os Duendes da Morte será determinante na sua vida daqui para frente?
HL -
Sim! Os Famosos já mudou minha vida completamente. E nem estou falando em coisas do tipo: fama, dinheiro e tudo mais.. Até porque isso ainda tá bem longe de mim (haha). O filme com certeza foi um divisor de águas na minha vida!

SB - Você se considera um apreciador de cinema? Qual é seu estilo de filmes preferido?
HL - Independente do estilo, acho que o papel do cinema na vida das pessoas é entreter, causar alguma emoção, seja ela qual for. Se o filme te fez sentir alguma coisa, bingo.

SB - Você tem um grande ídolo no cinema? Quem? Busca inspiração nele?
HL - Gosto muito dos filmes do Almodóvar, mas não sei muito sobre ele. Acho que vou esperar o Esmir lançar mais alguns filmes e dizer que me inspiro nele. Hehe!

SB - Um filme que tenha te marcado? Por que?
HL - Closer! Não sei exatamente porque. Acho que foi a primeira vez que tive contato de verdade com a complexidade das relações humanas. Talvez tenha sido o primeiro filme que assisti, que tratou com sinceridade a realidade entre duas pessoas. Os filmes em sua maioria gostam muito de mostrar casais lindos, vidas perfeitas e finais felizes... no filme do Mike Nichols isso não acontece (exceto a parte do casais lindos).

SB - Qual seu estilo de música preferido?
HL - Rock, Pop.. Depende de onde estou, com quem, como.

SB - Um livro que tenha te marcado? Por que?
HL - Faço parte da geração que criou o hábito da leitura por causa do Harry Potter, então...

SB - Uma música que te marcou? Por que?
HL - Pigeon Suicide Squad, do Nelo Johann. Sempre que ouvir, vai me remeter à coisas que vivi durante o filme... nunca passo por essa ileso.

SB - Você gostava de Bob Dylan antes do filme?
HL - Comecei a ouvir Dylan por causa do filme. Hoje gosto muito!

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Os Famosos e os Duendes da Morte - Um filme de subjetividades

Tenho que começar falando deste filme a partir das circustâncias em que o assisti. Na verdade saí na noite do último sábado disposta a assitir Simplesmente Complicado, porque apesar de meu gênero preferido de filmes ser drama, eu acho que existe um tipo de filme para cada estado de espírito. E neste feriadão meu estado de espírito estava para comédia romântica, que, com certeza valeria a pena, pelo menos pela sempre bela atuação de Meryl Streep. Mas, chegando ao cinema, a sala em que o filme estaria passando estava com problemas. O restante da programação não me interessava, exceto por Os Famosos e os Duendes da Morte, que eu não lembrava bem sobre o que tratava e pedi para ler a sinopse. O atendente foi logo dizendo que o filme era ruim. Achei estranho ele fazer propaganda negativa, mas sinceridade em primeiro lugar né. O problema é que ele nem sequer havia assistido ao filme, tirou sua conclusão baseado na sinopse e pelo título. Eu disse a ele que os duendes deviam ser uma metáfora, mas ele estava convencido de que as criaturas realmente faziam parte da trama.

Mas eu narrei este fato por dois motivos: primeiro, porque quando a gente já sai sabendo que filme vai assistir, sabe mais ou menos o que esperar. Mas agora, quando a gente sai disposto a assistir comédia romântica e acaba se deparando com um drama que beira o experimental, as coisas ficam bem mais difíceis de serem processadas. E segundo, a atitude do atendente do cinema só reforçou minha tese de que as pessoas, indepentende de sua função, deveriam entender do produto com o qual trabalham. Mas enfim, vamos ao filme em questão.

Os Famosos e os Duendes da Morte é um filme repleto de subjetividades. A começar pelo título, que como concluí a primeira vista, é apenas uma metáfora que não delimita exatamente quem seriam os duendes da morte, cabe a cada um que assistir, tirar sua própria conclusão. A história se passa em uma pequena e remota cidade do interior do Rio Grande do Sul, em que nada de muito empolgante acontece. Fato que entendia qualquer adolescente, como Mr. Tamborine Man, apelido usado pelo personagem principal no MSN, uma referência à música de Bob Dylan. Vivido pelo ator Henrique Larré, Mr. Tamborine é um jovem de 16 anos, cujo os pensamentos em constante evolução, vão encontrando a necessidade de fugir daquela estagnada cidade. Mas sua única fuga é a música de seu grande ídolo, Bob Dylan, com quem sonha em conhecer, e sua vida virtual, onde ele verdadeiramente se expressa, através do que escreve em seu blog e em outros canais de comunicação.

Mas o filme é rodeado de mistério. Jingle Jungle - mais uma referência à música de Bob Dylan -, uma bela e angelical jovem, é visitada pelo personagem central através de fotos em seu Flickr e vídeos no You Tube. Mas não se sabe exatamente que destino lhe foi dado, apenas que sua lembrança é motivo de grande angústia para o jovem. O mistério vai sendo revelado em pequenas porções, só ficando totalmente explícito lá pela metade do filme. E até lá, vamos fazendo diversas previsões. E esse é um dos motivos que nos leva a não desistir do filme, querendo desvendar o tal segredo. Falo em desistir, porque não é um filme fácil de ser digerido. Muitos aspectos dão um tom de experimentação, em cenas de extremo silêncio e angústia solitária de Mr. Tamborine, mas, principalmente, quando os vídeos caseiros da garota tomam conta da telona. É o You Tube e seus vídeos de baixa qualidade e com cenas pessoais sem muito sentido, tomando forma de cinema.

Outro elemento chave em Os Famosos, são as atuações. Por Diego, melhor amigo do personagem central, com seu modo jovial e natural de falar, sem forçar uma linguagem adolescente ao extremo; por Julian, o personagem mais misterioso da história, que chega a assutar com sua expressão insana; e, principalmente por Mr. Tamborine, que nos transmite toda seu desprezo por aquela cidade, a angústia e delicadeza das palavras que posta na internet, sua revolta pelos aspectos dos quais discorda com a mãe, o desejo em conhecer Bob Dylan e a suave paixão por Jingle Jungle.

Como citei no início, Os Famosos e os Duendes da Morte é um filme de subjetividades, portanto no final, nada termina explicado. É um presente do diretor, Esmir Filho, estreante no quesito longa, para que o expectador conclua mentalmente o desfecho que considerar mais adequado.

É um filme que intriga e confunde. E, por incrível que pareça, isso é um elogio, porque foge do cinema convencional, foge do previsível, foge do que é comumente visto no cinema nacional. E uma das coisas que intriga é que é um filme feito pela ótica do mundo adolescente, utilizando muitos elementos de identificação adolescente, mas para ser assistido por poucos adolescentes. E isso tudo é para mostrar que o cinema pode buscar um caminho oposto ao lugar comum, experimentar e tomar diferentes formas, além de nos apresentar novos atores, que pela atuação, já valem o tempo "perdido" com o filme.