quarta-feira, 7 de abril de 2010

Os Famosos e os Duendes da Morte - Um filme de subjetividades

Tenho que começar falando deste filme a partir das circustâncias em que o assisti. Na verdade saí na noite do último sábado disposta a assitir Simplesmente Complicado, porque apesar de meu gênero preferido de filmes ser drama, eu acho que existe um tipo de filme para cada estado de espírito. E neste feriadão meu estado de espírito estava para comédia romântica, que, com certeza valeria a pena, pelo menos pela sempre bela atuação de Meryl Streep. Mas, chegando ao cinema, a sala em que o filme estaria passando estava com problemas. O restante da programação não me interessava, exceto por Os Famosos e os Duendes da Morte, que eu não lembrava bem sobre o que tratava e pedi para ler a sinopse. O atendente foi logo dizendo que o filme era ruim. Achei estranho ele fazer propaganda negativa, mas sinceridade em primeiro lugar né. O problema é que ele nem sequer havia assistido ao filme, tirou sua conclusão baseado na sinopse e pelo título. Eu disse a ele que os duendes deviam ser uma metáfora, mas ele estava convencido de que as criaturas realmente faziam parte da trama.

Mas eu narrei este fato por dois motivos: primeiro, porque quando a gente já sai sabendo que filme vai assistir, sabe mais ou menos o que esperar. Mas agora, quando a gente sai disposto a assistir comédia romântica e acaba se deparando com um drama que beira o experimental, as coisas ficam bem mais difíceis de serem processadas. E segundo, a atitude do atendente do cinema só reforçou minha tese de que as pessoas, indepentende de sua função, deveriam entender do produto com o qual trabalham. Mas enfim, vamos ao filme em questão.

Os Famosos e os Duendes da Morte é um filme repleto de subjetividades. A começar pelo título, que como concluí a primeira vista, é apenas uma metáfora que não delimita exatamente quem seriam os duendes da morte, cabe a cada um que assistir, tirar sua própria conclusão. A história se passa em uma pequena e remota cidade do interior do Rio Grande do Sul, em que nada de muito empolgante acontece. Fato que entendia qualquer adolescente, como Mr. Tamborine Man, apelido usado pelo personagem principal no MSN, uma referência à música de Bob Dylan. Vivido pelo ator Henrique Larré, Mr. Tamborine é um jovem de 16 anos, cujo os pensamentos em constante evolução, vão encontrando a necessidade de fugir daquela estagnada cidade. Mas sua única fuga é a música de seu grande ídolo, Bob Dylan, com quem sonha em conhecer, e sua vida virtual, onde ele verdadeiramente se expressa, através do que escreve em seu blog e em outros canais de comunicação.

Mas o filme é rodeado de mistério. Jingle Jungle - mais uma referência à música de Bob Dylan -, uma bela e angelical jovem, é visitada pelo personagem central através de fotos em seu Flickr e vídeos no You Tube. Mas não se sabe exatamente que destino lhe foi dado, apenas que sua lembrança é motivo de grande angústia para o jovem. O mistério vai sendo revelado em pequenas porções, só ficando totalmente explícito lá pela metade do filme. E até lá, vamos fazendo diversas previsões. E esse é um dos motivos que nos leva a não desistir do filme, querendo desvendar o tal segredo. Falo em desistir, porque não é um filme fácil de ser digerido. Muitos aspectos dão um tom de experimentação, em cenas de extremo silêncio e angústia solitária de Mr. Tamborine, mas, principalmente, quando os vídeos caseiros da garota tomam conta da telona. É o You Tube e seus vídeos de baixa qualidade e com cenas pessoais sem muito sentido, tomando forma de cinema.

Outro elemento chave em Os Famosos, são as atuações. Por Diego, melhor amigo do personagem central, com seu modo jovial e natural de falar, sem forçar uma linguagem adolescente ao extremo; por Julian, o personagem mais misterioso da história, que chega a assutar com sua expressão insana; e, principalmente por Mr. Tamborine, que nos transmite toda seu desprezo por aquela cidade, a angústia e delicadeza das palavras que posta na internet, sua revolta pelos aspectos dos quais discorda com a mãe, o desejo em conhecer Bob Dylan e a suave paixão por Jingle Jungle.

Como citei no início, Os Famosos e os Duendes da Morte é um filme de subjetividades, portanto no final, nada termina explicado. É um presente do diretor, Esmir Filho, estreante no quesito longa, para que o expectador conclua mentalmente o desfecho que considerar mais adequado.

É um filme que intriga e confunde. E, por incrível que pareça, isso é um elogio, porque foge do cinema convencional, foge do previsível, foge do que é comumente visto no cinema nacional. E uma das coisas que intriga é que é um filme feito pela ótica do mundo adolescente, utilizando muitos elementos de identificação adolescente, mas para ser assistido por poucos adolescentes. E isso tudo é para mostrar que o cinema pode buscar um caminho oposto ao lugar comum, experimentar e tomar diferentes formas, além de nos apresentar novos atores, que pela atuação, já valem o tempo "perdido" com o filme.


2 comentários:

Klaus disse...

Bah, o "senhor" Henrique Larré pode até ler o que eu vou escrever aqui, mas é uma opinião minha. Mas prometo, serei suave.

Primeiramente, não gostei do filme. O motivo pode ser que eu não gosto deste tipo de filme cheio de "subjetividades", "incertezas", silêncios deprimentes, entre mais. Sinceramente, entrei burro no 'sinema' e saí 'extupído', 'ingnorante'. Ficou tudo muito vago, nada concreto, ou seja, não me acrescentou em nada.

As partes do vídeo da guria lá que morreu são insuportáveis, agoniantes. É mais ou menos assim: Ela lá parada, sem expressão (um robô, melhor dizendo) com a câmera sacolejando (nós no cinema já ficando tontos), aí aparece o tal do Julian e põe uma sacola na cabeça dela ou suja os braços da garota com terra e (ponto final).

Veja o filme e tire as suas próprias conclusões.

Klaus disse...

Mas como nem tudo é só ruim, o filme também teve os seus pontos positivos.

A atuação, como tu bem citou no texto, do ''Piá'', como também é chamado o personagem da Mr. Tamborine, é muito boa. E ele é igual ao Di da NX Zero!! UHhashuahua
O Diego também atua muito bem, a mãe do Tamborine foi bem também, e a Vó dele também foi muito Rox! Muito tri! Huhuhsauhua

Também concordo que utilizar destas ferramentas como YouTube, blogspot, Flickr, MSN, foi muito interessante e inovador. Ponto pros Duendes!

Gostei também da parte que ele vai no banheiro e "sóca uma bronha" (Huhauusa). É tri pq isso é meio que "ah, não isto nao pode aparecer, que feio", como se ninguém nunca tivesse feito isto.

Além da do bagulho regionalista e linguagem, nada adaptada que é muito tri!

Ah, outro detalhe é que fomos no cinema, eu e autora deste exuberante texto, em uma sala por um bom tempo exclusiva privada. Não tinha ninguém no cinema. Dizia eu antes do filme (gritava eu): "Troca de canal! Põe no pornô! Adianta aí os trailers!" Além claro da minha dancinha antes de começar e filme e chegar mais 4 gatos pingados.

Ah uma outra coisa que eu gostei foi da jogada das câmeras. Muito legal e inovador também. A câmera quando o principal ta no gira-gira (brinquedo de criança)é muito legal pois ela fica em cima e girando, girando, como se estivéssemos ali. Uns quantos vomitaram na sala de cinema mas isso acontece.

A Lia Luft!!! HUhusahusauaus!! Muito triii!!

Mas e aí como morreu o pai dele? Pq a guria se atirou? O guri foi ver o Bob? Ele saiu daquela merda de cidade? Pq td mundo se atirava da ponte? Foi o cara que matou a loca que ele era apaxoadinho?

Perguntas, perguntas e mais perguntas.

"Cedo ou tarde agente pode se encontrar, tenho certeza numa bem melhor!"