Histórias da Mulher Bala
Mulher Bala sempre foi muito prestativa. Se alguém precisava de uma favor, uma mãozinha, lá estava ela pra oferecer o braço inteiro, se necessário fosse.
Rodeada de amigos, Mulher Bala costumava promover verdadeiras rodas de viola, com muita conversa fiada, risadas e, claro, algumas clássicas das rodinhas de violão. Tudo acontecia na sua sala de reuniões favorita: a calçada de casa.
Áurios tempos aqueles, em que ninguém do grupo de amigos tinha muitas preocupações e obrigações, além da escola. Assim, podiam dedicar mais tempo uns para os outros, às discussões e questionamentos da vida, a suas próprias futilidades, estas que perdem quase todo (se não todo) o espaço em nosso cotidiano, quando o tempo nos obriga a encarar a maturidade e as novas obrigações que ela acarreta. É, Mulher Bala ainda estava inserida nesta fase, em que, sem ter idéia do que a aguardava no futuro, tinha seus problemas atuais como os piores do mundo, a pior penitência que poderia pagar. Porém, algum tempo depois, teria consciência que com o aumento das responsabilidades, aumentariam também as proporções de seus problemas.
Mas, voltando à calçada da Mulher Bala, em mais uma das tardes em que o horário de verão se encarregava de atrasar o pôr-do-sol, lá estava ela e seu amigos reunidos na calçada para o ritual diário. Eis que um dos violões dasafina. Mas não era um violão comum, estava com um das tarrachas (pino que serve para afinar o instrumento) quebrada, impedindo a afinação de uma das cordas. Então um dos amigos solicitou um alicate, pois com o auxílio de um poderia afinar a tal da corda. Mulher Bala prontamente disparou em direção à sua casa, em busca de um alicate. Sentia-se feliz em estar prestando um favor, por mais simples que ele fosse. Até porque, nesse caso, a continuidade da diversão dependia disso. Logo em seguida, retornava ela estampando um sorriso no rosto. Sorriso de "missão cumprida". Mas, para a decepção dos presentes, o que Mulher Bala trouxe nas mãos foi um alicate de unhas!