Os fascínios da noite
A noite me fascina. Desde mais ou menos os 12 anos, pelo que eu me lembre, gosto de ficar acordada até a madrugada. Mesmo gostando de aproveitar as primeiras horas de uma bela manhã de verão, o frescor do anoitecer acaba me convencendo a trocar o dia pela noite. Claro que isso só é possível quando não se tem trabalho ou aula no outro dia. Por isso, aproveito ao máximo minhas madrugadas de feriados ou finais de semana.
Nunca soube explicar direito porque é tão bom passar a madrugada toda em claro. Mas, em uma madrugada dessas me surgiram prováveis explicações.
À noite não se têm pressa. Ela não exige a correira que o dia nos obriga, pois, fora o compromisso com o sono, que vai depender de cada pessoa, não se têm afazeres a cumprir na magrugada. E como é bom poder fazer qualquer coisa sem depender do relógio. Poder comer sem pressa, jogar horas de conversa fiada - até porque é na madrugada que nossos pensamentos se abrem para maiores reflexões e filosofias de mesa de bar (pelo menos é essa a impressão que eu tenho) -, poder assistir a incontáveis filmes, assistir televisão até encher o saco, poder ler uma revista inteirinha em pleno silêncio. Aliás, está aí mais um benefício da madrugada: o silêncio. À noite, quando a maioria opta pelo travesseiro, é o melhor horário para realizar atividades que exijam concentração, como a leitura, ou simplesmente para dedicar um pouco de tempo para "ouvir" o silêncio. E o melhor de tudo: sem ninguém pra te encomodar. O que dá uma sensação única de privacidade.
Até o trânsito melhora na madrugada. Pois, além dos festeiros de plantão, poucas pessoas circulam a altas horas da noite, seja com ou sem carro. E isso permite uma sensação de liberdade sem igual.
Aliás, liberdade é a grande chave dos fascínios da noite. Somente à noite podemos ter uma amostra uma pouco mais real do que seria a liberdade.