Os Fluorescent Adolescents Cresceram
Demorei a escrever sobre o Humbug, terceiro álbum do Arctic Monkeys, porque também demorei a digerir o disco. Não por ser ruim, bem pelo contrário, é muito bom. Mas demorei a me acostumar com a metamorfose da banda. Pois é, os Fluorecent Adolescents cresceram e mudaram. E as mudanças não ficam só no visual, de cabelos compridos e rostos sombrios. Refletem na sonoridade e nas letras de Humbug e nos novos clipes.
O álbum inteiro traz faixas com clima bem mais pesado do que estávamos acostumados a ouvir do quarteto britânico. Quando começa My Proppeler, a primeira de Hambug, é difícil se acostumar com o novo tom arrastado e meolancólico adotado por Alex Turner. E isso aparece até mesmo nos backing vocals, outrora simplemente gritados, agora têm uma sonoridade quase fantasmagórica. Logo depois vem Crying Lightning, o primeiro single e tem tudo para ser um dos grandes destaques do disco, com guitarras mais pesadas na hora certa e sons sombrios, que dão a essência de todas as faixas do álbum. Apesar da sombriedade (se é que existe esta palavra), o som dos Monkeys não se torna em nenhum momento monótono, não perde a vitalidade. Isto se deve, em parte, às baquetas nervosas de Matt Heldres. Não tão energéticas quanto nos dois primeiros discos, mas aparecem da forma necessária.
Em Humbug também há espaço para a suavidade de Cornestone. Uma balada querida e com ar de final de romance. Simples e linda. Um pouco depois, em Pretty Visitors, temos uma bela visita das antigas animadas guitarras e bateria de Arctic Monkeys, mas é só um revival para matar a saudade e, quem sabe, a despedida de vez dos antigos Macacos do Ártico.
Humbug é um álbum redondinho na sua essência. E bom do início ao fim, é viciante e não deixa nada a desejar quanto à qualidade. Por isso, o novo Arctic Monkeys conquista. O problema, que foi o que me fez demorar a digerir o novo som, é que deixa a dúvida: ok, gostei da nova roupagem, mas não teremos mais aquelas músicas de batidinhas rápidas e rasteiras e sarcasmo juvenil, que trouxeram a banda à tona, nunca mais? Se for assim, fico com dois corações, porque gostei muito do novo Arctic Monkeys, mas sentirei saudades do que me arrebatou de primeira.
Assista o clipe de Crying Lightning:
3 comentários:
olha, eu teria muito o que falar, mas vou comentar duas coisas:
1 - vi um show deles da turnê do humbug na MTV, dia desses (com o Guilherme, inclusive)... realmente, eles mudaram MUITO, esteticamente. (chega a assustar a mudança do Alex, lembra algo do Kurt Cobain);
2 - quanto a questão sonora, agradeçam ao MESTRE dos mestres (ou dos magos?!), o sr. Josh Homme, que produziu o disco e levou os guris pra dar uma banda no deserto da Califórnia - fato importantíssimo pro resultado final do Humbug, única coisa que tu deixou passar.
Olha, tenho prattcamente doutorado em Arctic Monkeys (inclusive apresentei a nova fase deles pro seu thiagoks aí em cima) hehehehe
Por isso me sinto seguro pra dizer algumas coisas.
Acompanho a banda desde antes do primeiro disco. Da época das demos ainda e eles sempre foram muito verdadeiros em reproduzir nas músicas tudo que viviam:
- No primeiro disco o mundo deles era festinhas, garotas, e problemas com amigos e policia.
-No segundo disco depois de terem feito muito sucesso muito rápido eles tiram sarro justamente desse novo mundo que se abriu pra eles.
- E agora em Humbug eles se desafiam como artistas, seria a coisa mais fácil do mundo entrar em estúdio e fazer mais um monte de músicas pra pista de dança. Fora a tristeza que finalmente se abatou sobre o Alex.
O resposta pra tudo isso se dá numa frase que costumo usar bastante: "Todo mundo cresce um dia".
Postar um comentário